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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Policiais na USP: proteção ou opressão?

"Me assusto ao ainda ver reivindicações, seja


lá qual o teor 


ou motivação, serem suplantadas 


pelo mecanismo de repressão estatal 

chamado Polícia". (L.B)

"Porque pobre quando nasce com instinto assassino

Sabe o que vai ser quando crescer desde menino

Ladrão pra roubar, marginal pra matar

Papai eu quero ser policial quando eu crescer" (Vereneio 

Vascaína - Aborto Elétrico)



Todos os dias vemos os policiais - mal remunerados, diga-se  de passagem - arriscarem suas vidas para proteger a população e, como em qualquer outra profissão, vemos os maus policiais envolvidos em corrupção, agressões, assassinatos e atos que denunciam o abuso de poder nesta categoria. 

Esta semana temos acompanhado os estudantes da USP que iniciaram uma greve reivindicando, conforme publicaçãono site Brasil de Fato :



"o fim dos processos políticos e administrativos movidos pela USP contra funcionários e estudantes, a saída da Polícia Militar do campus e o fim do convênio com a Corporação, liberdade aos presos e nenhuma punição administrativa e criminal aos integrantes do movimento estudantil, a saída de João Grandino Rodas do cargo de reitor e a aprovação de um plano alternativo de segurança para a Universidade."

A questão é a seguinte: em nome do "cumprimento do dever" a polícia, em qualquer parte do país,  muitas vezes realiza ações que violam os direitos humanos. Mas não se pode esquecer que os policiais não são os únicos a fazerem isto. Vejo cidadãos comuns aplaudindo e achando o máximo e me desespero com o fato de as pessoas não perceberem que estão, elas mesmas, se igualando àquilo que desprezam. Trata-se de um sentimento sádico e vingativo que é justificado pelas pessoas como "necessidade de ordem", ou "fazer justiça", mas no fundo estas sabem que não se trata disto... Então, os policiais servem - repito, em alguns casos - como exemplo desse sadismo justiceiro, mas a maioria esmagadora das pessoas em qualquer categoria profissional não está imune a tais atitudes de violência, corrupção, violação dos direitos humanos, etc.

Pensem em como todos os dias, por "cumprir o dever" fazemos coisas anti-éticas, incorretas, cometemos pequenos crimes ou delitos. Quer um exemplo? Balconistas de supermercado que não devolvem aqueles 1 ou 2 ou 5 centavos de troco; o motorista não exige de seus empregadores a manutenção do veículo com o qual trabalha - colocando em risco sua vida e a de outras pessoas; os profissionais de saúde que sabem que o médico faltou porque tem clínica particular e atendimento no sistema público de saúde ao mesmo tempo e não denunciam... etc, etc, etc. O tal "cumprimento do dever", ou "medo de perder o emprego" é válido, pois as pessoas precisam sobreviver. Mas até quando continuaremos a fechar os olhos e cruzar os braços perante as injustiças e erros para "mantermos nossos empregos"?

Este tipo de pensamento é resultado da cultura do individualismo que apregoa o seguinte: "desde que eu não esteja sendo prejudicado, não tenho que me preocupar com o outro." Deste modo, as pessoas se esquecem de que as grandes mudanças que ocorreram no mundo foi por meio da união de forças. 

Escrevo aos caros leitores com palavras simples porque desejo que todos tenham acesso e compreendam o alcance do que estou dizendo. Mas gostaria de citar um exemplo que pode ilustrar ainda melhor a situação que estamos refletindo: nos campos de concentração durante o nazismo, haviam as câmaras de gás utilizadas para matas os judeus. Em um texto de Theodor Adorno, não me lembro qual neste momento, havia um trecho em que o autor comentou o depoimento de um trabalhador responsável por ligar as câmaras. Esse trabalhador disse mais ou menos o seguinte: "eu estava apenas cumprindo o meu dever, portanto não me sinto responsável pela violência causada àquelas pessoas". 

A situação na USP é emblemática por vários motivos: nos faz refletir sobre como temos atuado em nossas vidas para "cumprir nosso dever" e também traz à tona a questão das opiniões pautadas em em juízos de valor ao condenar a manifestação alegando que foi feita por "maconheiros" ... Mas este é um tema para a próxima publicação.
T.F.



4 comentários:

  1. Voce conseguiu dizer em poucas palavras tudo o que eu gostaria de dizer! Que bom que ainda existem no mundo pessoas com "consciencia critica"!!
    É difícil, mas espero que, gradativamente as pessoas comecem a ver que o que não é contado pela mídia é para a pura preservação do status quo e que parem de formar uma opinião a partir do conteúdo alienante e distorcido veiculado!E viva a liberdade de expressão!!

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  2. E que consigam ponderar as informações recebidas das diversas fontes também. Obrigada pelo comentário Sabrina.

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  3. São os novos templates do Blogger. Mas dá sim só que dá um pouco de trabalho, mande seu e-mail para holisousa.i@hotmail.com que lhe envio um tutorial

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  4. Enviarei sim Holisousa o e-mail e aguardarei o tutorial. Obrigada.

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